ENREDOS APRESENTADOS POR ORDEM DE DESFILE
ESTÁCIO DE SÁ - "Salve Jorge! O guerreiro na Fé"
De volta ao Grupo Especial após oito anos, a Estácio de Sá levará São Jorge para a avenida em 2016. Especulou-se que a escola reeditaria “Paulicéia Desvairada”, com a qual a Estácio levou seu último e único título no Especial, em 1992. Mas a agremiação do São Carlos promete ir bem carioca para a Sapucaí. O enredo vai mostrar o Santo Guerreiro no cotidiano do povo do Rio. Sincretizado na forma de Ogum, o orixá deve aparecer também no desfile, como pede a tradição sambista.
UNIÃO DA ILHA – “Olímpico por natureza...Todo mundo se encontra no Rio”
Primeira escola a anunciar o enredo, a Ilha vai falar sobre as Olimpíadas, aproveitando o evento no Rio. Segundo o presidente Ney Filardi, a escola começou a se mexer cedo pelo enredo olímpico. Ganhou o apoio do prefeito Eduardo Paes, que fez o anúncio antes da agremiação. Pela sinopse, a Ilha vai mostrar os deuses do Olimpo se divertindo no Carnaval carioca, fugindo do óbvio de narrar feitos olímpicos ou contra a história dos Jogos. A avenida deve ver o maior contingente de atletas da sua história. Para levantar recursos, a Ilha busca recursos com patrocinadores da Olimpíada. Na disputa de samba, um boleiro: Ronaldinho Gaúcho concorre em uma parceria.
BEIJA-FLOR – “Mineirinho Genial! Nova Lima – Cidade Natal. Marquês de Sapucaí – O Poeta Imortal”
A atual campeã, depois do desfile sobre Guiné Equatorial, turbinado por recursos de origem pouco clara, a Beija-Flor fugiu da polêmica. A escola vai defender o título com o enredo sobre o Marquês de Sapucaí, o nobre que batiza a avenida mais famosa do samba. Além de contar a história do deputado, senador e ex-ministro do Império, a agremiação deve mostrar um pouco de Nova Lima (MG), cidade natal do homenageado. Ao jornal “O Dia”, o diretor de carnaval Laíla prometeu um desfile mais leve, após a riqueza de 2015, e revelou que a escola recusou R$ 11 milhões da Nike para homenagear Ronaldo Fenômeno.
GRANDE RIO –“Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei...”
A escola de Duque de Caxias segue em busca do título inédito com o enredo sobre a cidade de Santos. Honrando sua marca de levar muitos famosos e celebridades para a Sapucaí, a agremiação quer Pelé e Neymar no chão da avenida. Até o momento, só se sabe que ambos serão convidados – pelo menos para desfilar. Não há notícia de que a dupla possa ajudar financeiramente.
MOCIDADE – “O Brasil de La Mancha: Sou Miguel, Padre Miguel. Sou Cervantes, Sou Quixote Cavaleiro, Pixote Brasileiro”
Depois do adeus inesperado de Paulo Barros (que irritou a diretoria) rumo à Portela, a Mocidade contratou os c“Memórias do Pai Arraia - arnavalescos Alexandre Louzada e Edson Pereira. Logo após o Carnaval, a escola chegou a anunciar o enredo “#alendaimaginação”, sobre lendas do passado, mas acabou mudando de ares. A agremiação de Padre Miguel vai pegar carona no personagem Dom Quixote de La Mancha para denunciar as mazelas do Brasil e seus personagens.
UNIDOS DA TIJUCA – “Semeando Sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado”
A Unidos da Tijuca vai de “enredo CEP”, tal qual a Suíça de 2015. Desta vez, a escola vai homenagear a cidade de Sorriso, no Mato Grosso, conhecida como a capital nacional da soja. A sinopse foi entregue na última quinta-feira, junto da promessa de que o município não será a estrela do desfile, mas sim a terra e o trabalhador. A interpretação é comum em enredos do tipo, como foi este ano. Ao falar sobre a Suíça, a equipe capitaneada pelo carnavalesco Mauro Quintaes buscou inspiração nos contos do país – e deu um jeito até de colocar no desfile Clóvis Bornay, célebre folião cujo pai era suíço. A escola nega, mas dinheiro não deve faltar, de novo.
VILA ISABEL –" Um sonho pernambucano, um legado brasileiro”
Última a anunciar o enredo, a Vila escolheu homenagear Miguel Arraes e Pernambuco para tentar reagir, após dois anos de desfiles fracos – para não dizer desastrosos. Campeã em 2013, a escola entrou em crise financeira e acabou rachando. Para o próximo Carnaval, um dos trunfos é justamente o enredo, assinado por Martinho da Vila. Na Sapucaí, a Vila vai mostrar a vida e os feitos do político, que completaria 100 anos em 2016, mas também exaltar o estado do homenageado, o “pai arraia” segundo mais humildes pernambucanos.
SALGUEIRO – “A ópera dos malandros”
Exaltado como o melhor enredo do Grupo Especial, a exaltação à malandragem proposta pelo Salgueiro já nasceu cercada de expectativa. O enredo, assinado pelos carnavalescos Renato e Márcia Lage, promete render uma das melhores safras de sambas dos últimos anos – são 45 hinos na disputa. Ninguém imagina menos que um desfile arrebatador na segunda-feira, muito pela aderência (para usar uma expressão moderna) do tema com a escola e o próprio Carnaval. A inspiração é óbvia: o espetáculo “A ópera do malandro”, de Chico Buarque, de 1978. Mas é fácil imaginar da fartura de subtemas possíveis para o desfile, desde o lendário Madame Satã até a malandragem natural atribuída ao carioca.
SÃO CLEMENTE – “Mais de mil palhaços no salão”
Grande surpresa de 2015, quando fez um elogiado desfile terminou (e talvez merecesse mais que um 8º lugar) homenageando o mestre carnavalesco Fernando Pamplona, a São Clemente tentar manter o nível em 2016 com o enredo sobre o universo dos palhaços. Para isso, segue com a carnavalesca Rosa Magalhães, a maior vencedora da “era Marquês de Sapucaí”. Com os palhaços, Rosa deve se sentir “em casa” para desenvolver, com liberdade, mais um grande desfile. A expectativa é grande.
PORTELA – “No voo da águia, uma viagem sem fim...”
A Portela ganhou nova administração e reagiu nos últimos anos. Agora, busca o título que não vem desde 1984 – este dividido com a Mangueira; sozinha, desde 1970. Para voltar ao topo, a escola de Madureira ganhou reforço de peso: Paulo Barros, o mais badalado e vitorioso carnavalesco da história recente do Carnaval. Depois de uma breve passagem pela Mocidade (ficou em 7º), se mudou para a Portela em uma polêmica saída, que irritou os dirigentes da agremiação de Padre Miguel. Na estreia pela escola, Barros desenvolve o enredo sobre as grandes viagens e aventuras da humanidade, concebido pelo próprio carnavalesco. A criatividade de Barros e a gana pelo título dos portelenses pode render um dos mais grandiosos desfiles da atualidade.
IMPERATRIZ – “É o amor... que mexe com minha cabeça e me deixa assim... Do sonho de um caipira nascem os filhos do Brasil”
Poucas vezes a Imperatriz saiu tanto das suas características como na escolha do enredo de 2016, sobre a dupla Zezé di Camargo e Luciano. A aposta é alta: levar o universo da música sertaneja para o samba. Mas a escola tem a identificação e o apelo dos cantores com numerosos fãs como “carta na manga” para arrebatar a Sapucaí – cada ano mais fria. A opção pelos músicos, fora a força financeira, parece também mais uma tentativa da escola de se tornar mais popular. Assim foi com Zico em 2014, em empreitada bem-sucedida. A Imperatriz, acostumada a esquentar a bateria com clássicos como “Liberdade, Liberdade”, pode abrir uma exceção em 2016 para “É o amor”. A ver.
MANGUEIRA – “A Menina dos Olhos de Oyá”
Se a Imperatriz vai de Zezé e Luciano, a Mangueira tem Maria Bethânia. De volta, na verdade. A cantora, que completa 50 anos de carreira, foi um quarto do enredo sobre os Doces Bárbaros (ela, Gil, Caetano e Gal), de 1994, sucesso de público, mas fracasso de crítica, com um 11º lugar. (Quem não se lembra de “Me leva que eu vou, sonho meu, atrás da Verde-e-Rosa só não vai quem já morreu”?) A escola costuma ir bem com enredos do tipo, faturando títulos com Braguinha (1984), Dorival Caymmi (1986), Carlos Drummond de Andrade (1987) e Chico Buarque (1998). Agora, porém, a grave crise financeira deixa o campeonato distante. Mas uma reação, após o 10º lugar de 2015, já será uma boa notícia para a Manga .
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